O que aconteceu
- Dólar comercial desvaloriza. A oscilação negativa da moeda norte-americana em relação ao real reverte parte dos ganhos desta semana. A baixa movimentação nesta manhã reflete, não só os acontecimentos nacionais, mas também internacionais.
- Dados do Brasil no radar. As expectativas do mercado financeiro se voltaram para a divulgação da prévia da inflação, da arrecadação federal e para a derrota do executivo no Congresso no caso do aumento do IOF
- O mercado também acompanha com atenção as movimentações de Donald Trump nos Estados Unidos. A possibilidade de substituição antecipada de Jerome Powell na presidência do Fed, defendida pelo presidente, aumentou a percepção de risco, mesmo diante da expectativa de cortes de juros, que costuma favorecer ativos de risco. Além disso, investidores repercutem o relatório final do PIB do primeiro trimestre de 2025, que registrou queda de 0,5%, segundo o Departamento de Comércio.
- Ontem, a moeda dos EUA subiu 0,63%. A segunda variação positiva seguida da moeda norte-americana faz a divisa acumular alta de 0,52% nos primeiros três pregões desta semana. Ainda assim, a cotação ainda apresenta
Queda de novo IOF anima mercado, mas gera risco fiscal
- Derrota do governo no Congresso pesa. A votação realizada ao final da noite de ontem resultou na derrubada das regras do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) apresentadas pelo governo para cumprir com a meta de zerar o déficit público neste ano e atingir o superávit primário em 2026
- Decisão aumenta pressão sobre o governo. Os 383 votos favoráveis e 98 contrários para a derrubada do decreto governamental eleva a tensão ente o Planalto e o Legislativo. O desgaste também é visto como determinante para a construção das alianças para as eleições do próximo ano.
- Revogação do IOF traz alívio imediato para o mercado. A decisão do Congresso Nacional, segundo Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, gerou uma reação positiva no curto prazo, ao reduzir parte da carga tributária sobre operações financeiras. Apesar do alívio, o movimento destaca a persistência de um problema estrutural: a situação fiscal do país, ainda delicada, que pode seguir pressionando o câmbio
- Governo pode ter de contingenciar R$ 12 bilhões. Sem a arrecadação extra do IOF, restará ao Executivo recorrer a novos bloqueios orçamentários para cumprir as metas fiscais. As estimativas apontam para uma perda de R$ 10 bilhões em 2025, podendo chegar a R$ 30 bilhões no ano seguinte.
- Mercado deve reagir com percepção maior de risco. Para o economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, a deterioração fiscal deve pressionar o Ibovespa nos próximos dias.
IPCA desacelera
- Prévia da inflação avança em junho, mas desacelera ante maio. O IPCA-15 registrou alta de 0,26% neste mês, após avanço de 0,36% em maio, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A principal influência partiu da energia elétrica, com variação de 3,29%, o que representou impacto de 0,13 ponto percentual no índice.
- Resultado abaixo do esperado pelo mercado. A projeção de analistas era de uma alta de 0,3%. A surpresa positiva contribui para a leitura de que o cenário inflacionário segue favorável no curto prazo.
- Serviços também vieram abaixo do projetado. O setor, considerado o mais resistente à queda de preços, subiu 0,31% frente à estimativa de 0,45%. Para Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, a dinâmica inflacionária continua “muito boa”.
- Apreciação cambial ajuda a conter custos. A valorização do real, somada à inflação acumulada no ano e à desaceleração em serviços, contribui para o arrefecimento dos preços. Esse movimento tende a reduzir os custos de produção e ser repassado ao consumidor.
- Inflação segue acima da meta, segundo o BC. O Relatório de Política Monetária do Banco Central, também divulgado na manhã de hoje, destacou, no entanto, que as expectativas continuam elevadas. A meta contínua é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A autoridade monetária projeta IPCA de 4,9% em 2025, 3,6% em 2026 e 3,2% no quarto trimestre de 2027, ainda acima da meta central, cujo teto é de 4,5%.” Para os próximos meses, esperamos que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha os juros estáveis em 15%, apesar do recente alívio na inflação. “Claudia Moreno, economista do C6 Bank
- Composição do índice mostra melhora qualitativa, avalia economista. André Perfeito destaca que, embora o indicador tenha vindo no piso da margem de erro, sua composição é mais benigna. Ele atribui o resultado ao aperto monetário e à valorização recente do real frente ao dólar. Com o dado de junho, o IPCA-15 acumula alta de 5,27% em 12 meses.
Congresso também aumenta despesas
- Congresso conclui votação que amplia número de deputados. O projeto aprovado eleva o total de cadeiras na Câmara de 513 para 531, criando 18 novas vagas com base nos dados do Censo. A votação foi realizada às vésperas do fim do prazo fixado pelo Supremo para que o Legislativo corrigisse a distorção na representação estadual. Texto segue para sanção presidencial.
- Despesas da Câmara não poderão subir, com exceções. Emenda do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) proíbe aumento real das despesas entre 2025 e 2026, mas permite a atualização monetária. A remuneração mínima anual, estimada em R$ 10 milhões, não está sujeita ao teto, e não há regras definidas para os gastos a partir de 2027. De acordo com o advogado tributarista André Felix Ricotta de Oliveira, sócio da Felix Ricotta Advocacia, “esse aumento no número de deputados federais terá, inegavelmente, impacto fiscal negativo”.
“ Investidores, empresários e agentes de mercado observam a fragilidade das contas públicas. A trajetória da dívida tende a piorar com essa derrota, e continuaremos com déficits fiscais relevantes “
André Felix Ricotta de Oliveira, sócio da Felix Ricotta Advocacia
Fonte: www.economia.uol.com.br